ATIVIDADES EM DESTAQUE

MAX 2017 intensifica debate sobre a indústria audiovisual

25 de agosto de 2017

Painéis, rodadas de negócios e pitchings promovem integração de vários agentes do setor na Serraria Souza Pinto; evento é realizado pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Codemig, pelo Sebrae Minas e pela Fiemg

A programação da MAX – Minas Gerais Audiovisual Expo segue intensa em Belo Horizonte, valorizando diversas vertentes da indústria audiovisual. Realizada pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas) e pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg), por meio do Serviço Social da Indústria (Sesi-MG), a MAX 2017 desponta entre as maiores iniciativas do poder público no Brasil de fomento ao setor audiovisual. O evento vai até este sábado, 26/8.

Com o tema Indústria Audiovisual 360, a MAX 2017 oferece a criadores, produtores, distribuidores e exibidores de conteúdo de cinema, televisão e internet, desenvolvedores de jogos e profissionais de artes gráficas, música e publicidade a chance de participar de rodadas de negócio, sessões de pitching e encontros de networking, promovendo a integração dos diversos ramos do setor, que é, atualmente, um dos mais importantes da indústria brasileira.

Mercado Internacional

Mary Morita, do Brazilian Content Market, e Carina Coelho, da Ancine, foram as palestrantes do painel “Coprodução com o Mercado Internacional”. Carina Coelho elencou os vários programas do Governo Federal que auxiliam as produtoras e distribuidoras brasileiras a levar seus produtos para o mercado exterior. Um dos principais é o Programa de Apoio à Participação Brasileira em Festivais, Laboratórios e Workshops Internacionais.

“Nós, inclusive, temos como conceder uma cópia e pagar o frete de um filme se ele for participar de um evento do porte de um Festival de Berlim, por exemplo”, disse Carina.  As solicitações de apoio devem ser realizadas pelo Sistema de Apoio Internacional, de acordo com o regulamento do Programa. Segundo ela, foram concedidos 90 apoios até agosto deste ano.

Além do Programa de Apoio à Participação Brasileira em Festivais, Laboratórios e Workshops Internacionais, há o projeto Apoio ao Oscar para filmes brasileiros selecionados pelo prêmio norte-americano e o Encontro com o Cinema Brasileiro, em que a Ancine promove a vinda de produtores internacionais ao Brasil para conhecer as produções nacionais. Este último encontra-se na sua 24ª edição e é realizado em parceria com o Ministério das Relações Exteriores.

Para discorrer sobre o mercado, foi escalada Mary Morita, coordenadora do Brazilian Content. Segundo ela, o objetivo da empresa é ampliar o valor de negócios internacionais, aumentar o número de coproduções e de obras brasileiras exportadas, assim como a presença de empresas nacionais no exterior. Para isso, segundo Morita, o Brazilian Content participa de eventos e feiras focados em TV e novas mídias, promove um programa de capacitação, investe em missões prospectivas e comerciais, além de criar rodadas de negócios e consultorias.

“Nossos mercados alvos são Alemanha, Argentina, Colômbia, Estados Unidos, China Coréia do Sul, França e Reino Unido. Isso não significa que não trabalhamos com outros países, mas é que, nesses oito, existe um acordo bilateral para coproduções, o que facilita os negócios”, afirma Morita. Para finalizar, Morita mostrou os números já conquistados pelo Brazilian Content. Foram mais de 144 milhões de dólares investidos, dois prêmios internacionais, coproduções em mais de 20 países e exibição de produtos brasileiros em 125 países.

Produção atual de documentários

Em um dos painéis mais concorridos até o momento, “O Mercado de Documentários: Visões Contemporâneas”, José Rodriguez (Tribeca Film Festival) deixou evidente o que interessa ao mercado internacional na produção do Brasil e países vizinhos: “Buscamos histórias que reflitam a diversidade de culturas latino-americanas, fugindo sempre de estereótipos latinos e histórias muito convencionais”.

Ressaltando a grande diversidade de manifestações culturais brasileiras, Fernando Dias (Grifa Filmes) garantiu que “o Brasil é um dos países com mais oportunidades de projetos que atraem o interesse tanto do mercado nacional quanto do mercado global. Nos últimos anos, o produtor independente passou a ter mais oportunidades de participação na produção de conteúdo”. Entretanto, um alerta, segundo ele, deve ser recorrente: “é preciso conhecer bem o perfil de cada canal, de modo a atender suas necessidades específicas e sobreviver neste disputado mercado”.

Personagens

No painel “Desenvolvimento de Personagens”, o roteirista Christian Pelegrini fez um paralelo entre dois dos protagonistas mais marcantes e queridos de séries televisivas dos últimos tempos: Tony Soprano (James Gandolfini), de “Os Sopranos”, e Walter White (Bryan Cranston), de “Breaking Bad”. Segundo Pelegrini, cada um dos personagens seguiu uma lógica própria de acordo com a época em que cada programa foi ao ar. Enquanto Tony Soprano precisou de alguns capítulos para que o público entendesse sua dinâmica, Walter White fisgou imediatamente o espectador, já no primeiro episódio de “Breaking Bad”.

Também palestrante do painel, o roteirista Marcos Takeda, por sua vez, revelou seu processo de criação da série “Unidade Básica”, veiculada pelo Universal Channel.  Prestes a estrear a sua segunda temporada, “Unidade Básica”, que se passa num hospital público, fala do embate entre um médico humanizado e uma cientista em início de carreira. 

Pitching

O público também tem prestigiado as sessões de pitching, em que os produtores de conteúdo apresentam em público seu projeto de obra audiovisual a uma banca de players e investidores do mercado. Nesta quinta, a sessão de pitching foi com três projetos do gênero kids. Cada apresentação teve duração de 15 minutos: sete minutos para a exposição do projeto e oito para perguntas da banca avaliadora, formada por Kiko Ferreira (Rede Minas), Paula Taborda (Gloob) e Rosa Crescente (Zoomoo).

Os três projetos apresentados, todos muito aplaudidos pelo público, foram Manual de Sobrevivência da Literatura Brasileira, por Aly Muritiba (Grafo Audiovisual), que pretende atrair a atenção do público de 8 a 12 anos para a leitura de obras de autores nacionais; Cosmo, o Cosmonauta, por Guilherme Fiúza (Solo Filmes), uma série de animação com 13 episódios, destinada a crianças de 5 a 8 anos, que objetiva promover o respeito às diferenças; e As Horripilâncias de Jeremias, por Walkir Fernandes (Dogzilla), também uma série de animação para o público de 6 a 8 anos, sobre como as crianças podem enfrentar seus medos.

MAX – Minas Gerais Audiovisual Expo

A MAX reúne salão de negócios, exibição de filmes e atividades de capacitação. Em sua primeira edição, no ano passado, a MAX recebeu um público de 10 mil pessoas e promoveu mais de 450 encontros entre produtores, canais e distribuidoras, gerando expectativas de negócios superiores a R$ 200 milhões, consolidando-se como referência nacional entre os profissionais de mídia e entretenimento. A MAX 2017 ocorre no contexto do Programa de Desenvolvimento do Audiovisual Mineiro (Prodam), que visa à articulação de entidades da administração pública direta e indireta de Minas Gerais, municípios e União, além de instituições privadas, para o incentivo e fomento ao setor audiovisual.

Em 2017, junto às rodadas de negócios e dos painéis de capacitação, a MAX realiza ainda uma mostra de cinema aberta ao público na Praça da Estação, em Belo Horizonte. Além da Serraria Souza Pinto e do Museu de Artes e Ofícios, outros espaços da cidade recebem as atividades. O objetivo da MAX é ser uma vitrine dos avanços do setor audiovisual mineiro e de todo o Brasil, fortalecendo a cadeia produtiva do setor e ampliando a competitividade das iniciativas dos profissionais de Minas Gerais e dos outros estados.

Prodam: política estadual em prol da cultura

Lançado em maio de 2016, o Programa de Desenvolvimento do Audiovisual Mineiro tem o objetivo de viabilizar políticas públicas para o audiovisual por meio de parcerias entre órgãos e entidades da administração pública direta e indireta de Minas Gerais, municípios e União, além de instituições privadas. O Prodam vem direcionando recursos para o segmento audiovisual mineiro, distribuídos em editais destinados a roteiros, produção e finalização de longas-metragens para cinema e séries para televisão, além de mostras de cinema e cineclubes, entre outros.

Para estimular todos os ângulos de ação do segmento, o Prodam unifica, no campo do audiovisual, além de instituições privadas, as secretarias de Estado de Cultura, de Educação e de Turismo. Entre as entidades da administração pública indireta, participam das discussões as fundações de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), Clóvis Salgado e a TV Minas Cultural e Educativa – Rede Minas, as companhias Energética de Minas Gerais (Cemig) e de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), a Rádio Inconfidência, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e a Imprensa Oficial de Minas Gerais.

Minas de Todas as Artes

O fomento da Codemig ao audiovisual integra o Minas de Todas as Artes – Programa Codemig de Incentivo à Indústria Criativa, lançado em agosto de 2015. A iniciativa inédita e estratégica busca fomentar o desenvolvimento de novos negócios que gerem empregos, renda e riquezas para o Estado. Até o fim de 2018, serão investidos mais de R$ 50 milhões em editais de fomento e fortalecimento, com iniciativas de valorização de setores como gastronomia, audiovisual, design, moda, música e novas mídias.